ENTREVISTA 2: EPAs investem em formação e capacitação profissional
Postado em 02/06/2015.
A Escrivã de Polícia Federal Daniela Pereira Lucht é mais um exemplo de policial federal que busca o constante aprimoramento e capacitação profissionais. Mestre em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS (2013), possui graduação em Direito pela Universidade do Vale do Paraíba (1996). Tem especialização em Recursos Humanos (1999), Estudos de Políticas e Estratégias de Governo (2001) e em Direito do Trabalho (2001). Atualmente cursa Doutorado em Direito na UFRGS, desenvolvendo uma tese sobre a prevenção ao tráfico internacional de pessoas, no que tange à proteção de imigrantes e refugiados – um tema muito atual e de fundamental importância num momento em que o Brasil necessita, de forma emergencial e urgente, estabelecer políticas de acolhimento a fim de atender à crescente demanda daqueles que ingressam no país.
1) Qual sua trajetória no Departamento de Polícia Federal?
Minha primeira lotação foi Bagé/RS, depois fui para a Força Tarefa da DELEPREV/SR/DPF/RS que estava localizada no prédio do INSS em Porto Alegre, na travessa Mario Cinco Paus. Um tempo depois de a Superintendência ir para a Avenida Ipiranga, começamos a trabalhar na SR. Desde minha vinda à Porto Alegre, estou na DELEPREV/SR/DPF/RS, mudando de sala, de colegas de trabalho, mas sempre lá.
2) Qual a importância da formação para a valorização profissional?
Acredito que aprender nunca é demais. O mestrado e o doutorado são voltados para a pesquisa, o que pode contribuir muito para a sociedade e para o DPF. Infelizmente, não vejo o DPF incentivando seus servidores a realizarem pós-graduações e, ao contrário de outros órgãos, o servidor não recebe nenhum benefício ou aumento de salário. Aqueles que buscam continuar os estudos, o fazem motivados por colegas que auxiliam e apoiam, e isso faz a diferença.
3) Qual a linha da sua tese de doutorado e quais os objetivos da pesquisa?
A linha de pesquisa é em Fundamentos da Integração Jurídica e, dentro dessa linha de pesquisa, pretendo realizar tese sobre Prevenção ao Tráfico Internacional de Pessoas: Proteção a Imigrantes E Refugiados. Durante o mestrado, onde defendi a dissertação ASPECTOS COMPARATIVOS DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL NO TRÁFICO DE PESSOAS PARA EXPLORAÇÃO SEXUAL – UNIÃO EUROPEIA E MERCOSUL, pude observar que as organizações criminosas utilizam-se da vulnerabilidade das pessoas devido a fatores socio-econômicos. Em todos os países da União Europeia e do Mercosul existem legislações que punem essa prática, entretanto as vítimas muitas vezes são vistas como criminosas pelos agentes do Estado por estarem em situação irregular no país. Além disso, a vergonha e o medo de represálias fazem com que a vítima, na maioria das vezes, não auxilie as investigações. Desta forma a prevenção torna-se a melhor maneira de coibir o tráfico de pessoas. Os conflitos armados estão entre um dos fatores que promovem o deslocamento em massa de pessoas, que tornam-se potenciais vítimas pois farão tudo o que for preciso para buscar uma vida melhor para si e sua família, tornando-se alvo para os criminosos. Pretendo, durante o doutorado, realizar pesquisa para estabelecer melhores formas preventivas, principalmente através da atuação de organizações internacionais como a ONU, por exemplo.
4) De que maneira o estudo desse tema pode contribuir no desenvolvimento da atividade policial federal?
Quando já existe uma situação de refúgio, como temos visto em vários países onde campos de refugiados existem por mais de 20 anos, a atuação dos países deve ser de acolhimento a essas pessoas, para que possam ingressar nos países de forma legal e desta maneira reconstruir suas vidas. O Brasil tem sido um dos países em que o número de refugiados tem aumentado nos últimos anos. Por isso, acredito que a pesquisa poderá auxiliar ao DPF a estabelecer formas de trabalho mais eficientes para atender esse aumento de pedidos de refúgio.
Fonte: SINPEF/RS